sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Se não me engano

“Saudade é ser, depois de ter, é melhor do que caminhar vazio,
é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida,
embora o corpo se mova, a alma, às vezes, fica para trás.
Saudade é o que fica de quem não fica,
é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.
é não saber,
não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é solidão acompanhada, é o amor que fica,
é como um amante, o nosso amor sai, ele entra.
Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança,
para acontecer de novo e não consegue.
Na verdade, não temos saudades,
é a saudade que nos tem, que faz de nós o seu objeto.
Imersos nela, tornamo-nos outros.
Todo o nosso ser ancorado no presente fica,
de súbito, ausente.
Lembro-me do passado, não com melancolia ou saudade,
mas com a sabedoria da maturidade que me faz projetar no presente
aquilo que, sendo belo, não se perdeu.
Mas lembrar-se com saudade é como se despedir de novo.
Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade..”


Pablo Neruda

Um comentário:

  1. A saudade é a maior prova,
    de que o passado valeu a pena!

    Pensamos que a saudade foi feita para machucar, mas o tempo passa e percebemos que ela é a maneira mais certa de vermos o quanto gostamos de alguém!

    Eric Colpes

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